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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Por quê o veleiro “CISNE BRANCO” é cativante?

Por quê o veleiro “CISNE BRANCO” é cativante?

Roberto Carvalho de Medeiros

Quando nos damos uma merecida chance de relaxarmos e, por opção, observamos o mar de uma praia qualquer, é possível perceber, em dia claro, o céu azul “tocando” as águas do mar na linha do horizonte.

Nessa região costeira as águas que banham a praia e seguem para o alto-mar a uma distância superior a 360 km (dependendo da região brasileira até 650 km) também fazem parte legalmente do Brasil.

São as águas jurisdicionais brasileiras, uma região superior à metade do território nacional e maior que a região amazônica legal, totalizando mais de 4 milhões de km² de área.

Este espaço geográfico marítimo é denominado de “Amazônia Azul”.

Neste imenso espaço marítimo, além de trafegarem mais de 160 navios mercantes por dia, transportando quase que todos os produtos que o país exporta e importa (95% do comércio exterior), navega um navio da Marinha que tem como missão levar aos brasileiros as mais belas tradições marinheiras da navegação marítima à vela, promovendo o incremento da mentalidade marítima no País, além de representar o Brasil nos mais importantes eventos náuticos internacionais (regatas e exposições).

Vale salientar sua contribuição significativa para política externa brasileira, mostrando a Bandeira do Brasil em várias partes do mundo onde o nosso País mantem relações diplomáticas.

É o Navio-veleiro “Cisne Branco” da Marinha do Brasil, em cujos mastros são içadas manualmente velas de diversos tamanhos e formas, cada uma com um propósito específico, por meio da grande parcela da tripulação que guarnece o convés principal do Navio.

Todas as “fainas marinheiras” realizadas no Cisne Branco procuram conservar as mais belas tradições do manejo de velas, refletindo nas precisas manobras de guinada e de estabilidade de forma semelhante às realizadas nas épocas das grandes navegações do século XII, momento da História que de fato se deu início ao processo hoje conhecido como de “globalização”!

Quando o Navio iça no seu mastro de popa a Bandeira Nacional, de dimensões tais que permitem que seja avistada à longa distância, o que se observa nas pessoas que estão por perto é a mais pura exemplificação prática, silenciosa e espontânea do sentimento de brasilidade existente dentro de cada indivíduo ali presente.

O orgulho de ser brasileiro e de poder mostrar aos “outros” que aquilo é nosso se faz presente com tal força que fica impossível conter a emoção. Quando o veleiro chega ao porto, a concentração de pessoas curiosas aumenta pela beleza de suas linhas e da imponência da sua arte naval.

O melhor fica após sua atracação, haja vista ser permitida a visitação ao veleiro pois ela é e deverá ser sempre pública, permitindo conhecê-lo por fora e por dentro.

Aí vem mais uma surpresa agradável: por dentro o veleiro procura também conservar as tradições da arte naval, mas oferece, simultaneamente, o conforto com tecnologia de ponta aos seus ocupantes.

As instalações elétricas, hidráulicas, de propulsão (motores), de navegação, de comunicações e eletrônicas obedecem aos mais rigorosos padrões de exigência e de qualidade para garantirem a segurança na navegação e o bem-estar à tripulação e seus convidados.

Estes convidados da Marinha, que participam de trechos de navegação a bordo do Cisne Branco, são normalmente pessoas com quem aquela Instituição conserva os melhores relacionamentos pessoais e profissionais, membros da Sociedade dos Amigos da Marinha – SOAMAR.

Vários pernambucanos da SOAMAR-Recife já tiveram a oportunidade de embarcar no Cisne Branco, partindo do Recife ou aqui chegando de outros portos nacionais, todos, sem exceção, tendo externado os momentos marcantes e inesquecíveis de convívio fraterno e profissional passados a bordo junto à tripulação desse veleiro.

Vale lembrar que grande parte dos militares é nordestina, originários da Escola de Aprendizes-Marinheiro de Pernambuco, sediada em Olinda.

Outros velejadores compartilham desse sentimento de alegria e orgulho por meio da regata Recife–Noronha (REFENO), participando como fortes concorrentes ou como simples lazer esportivo de vela, ambos formando, com o Cisne Branco, uma mistura de beleza de suas velas com um sentimento inigualável de brasilidade naquele ambiente saudável de esporte e lazer.

Um verdadeiro núcleo de valorização das coisas do mar que difunde sua beleza e riquezas, patrimônios dos brasileiros contidos na Amazônia Azul que devem ser de conhecimento público para sua conservação soberana de forma permanente.

Haja emoção de orgulho digna de ser externada no cais, na praia e no mar neste momento onde algumas instituições se apresentam fracas e distantes do anseio do povo brasileiro, onde a ética da classe política e o respeito desta àqueles que deveria representar são, por si só, lamentavelmente esquecidas!

Roberto Carvalho de Medeiros, Capitão-de-Mar-e-Guerra (Ref), professor universitário da FIR. Correio eletrônico: rmed@fir.br.

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